quinta-feira, novembro 07, 2002

Nada melhor do que dar uma lidinha em algumas letras de uma das melhores bandas nacionais da atualidade: O Rappa.
Se você não conhece as músicas, não tem problema. As letras já dizem por si só, e a internet existe pra isso mesmo, ou vocês não fazem download de MP3, rs*?

todo camburão tem um pouco de navio negreiro
(letra: Marcelo Yuka, música: O Rappa, 1993)


tudo começou quando a gente conversava
naquela esquina alí
de frente àquela praça
veio os zomens (sic)
e nos pararam
documento por favor
então a gente apresentou
mas não paravam
qual é negão? Qual é negão?
o que que tá pegando?
qual é negão? Qual é negão?

é mole de ver
que em qualquer dura
o tempo passa mais lento pro negão
quem segurava com força a chibata
agora usa farda
engatilha a macaca
escolhe sempre o primeiro
negro pra passar na revista
pra passar na revista


todo camburão tem um pouco de navio negreiro
todo camburão tem um pouco de navio negreiro


é mole de ver
que para o negro
mesmo a AIDS possui hierarquia
na África a doença corre solta
e a imprensa mundial
dispensa poucas linhas
comparado, comparado
ao que faz com qualquer
figurinha do cinema
comparado, comparado
ao que faz com qualquer
figurinha do cinema
ou das colunas socias

todo camburão tem um pouco de navio negreiro
todo camburão tem um pouco de navio negreiro


pescador de ilusões
(letra: Marcelo Yuka e música: O Rappa, 1996)


se meus joelhos não doessem mais
diante de um bom motivo
que me traga fé, que me traga fé
se por alguns segundos eu observar
e só observar
a isca e o anzol, a isca e o anzol
ainda assim estarei pronto
pra comemorar
se eu me tornar menos faminto
que curioso, curioso


o mar escuro trará o medo lado a lado
com os corais mais coloridos


valeu a pena eh eh
sou pescador de ilusões


se eu ousar catar
na superfície de qualquer manhã
as palavras de um livro
sem final, sem final,
sem final, sem final, final


ninguém regula a américa
(letra: Marcelo Yuka, música: O Rappa/Sepultura, 2002)

satélites de cima
vigiando todos os atos de rebeldia
MST observado pela CIA
um avião cara de páu
preso na China
painel de controle
cidades sem culpa
na sensação do protocolo de kioto
carbonizado em plena chuva
de armas exportadas
sangrando no dólar
o dólar dos outros
coagulado e globalizado
nas veias abertas
de outra dívida externa


ninguém regula a América


forçando a porta da Colombia
com uma hipocrisia que vicia
o intelecto de Brasília
e outras capitais
estreladas deixando a bandeira
de fardas
que segue na arrogância
independente de quem for
O. W. Bush de plantão
limite que engatilha um novo missel
sobre o céu de Wall Street
arriscando a todos
com o medo de perder
mais uma guerra

ninguém regula a América

satellites from above
controling all the rebel act
nosy plane cought in China
pushing doors in Colombia
carbonized under the rain
globalized bleeding the dollar
under the Wall Street sky
risking everybody's lives


milagre
(letra: Marcelo Yuka, música: O Rappa, 2002)

ao redor dos maiores prédios que eu já vi
no final de um dia cheio de engolir
cada um tem seus milagres pra insistir
cada um tem seus milagres, pra fugir, pra não ouvir
cada um tem seus milagres


o som dos dias que distanciam
a nossa melhor metade
que vai ficando de lado
pelo medo de não dormir
que vai ficando de lado
sem esquecermos das pequenas coisas
que nos protegem, que nos protegem porque,
cada um tem seus milagres, pra fugir,

cada um tem seus milagres, pra insistir, pra não ouvir
cada um tem seus milagres

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